Plano Diretor estrutura a Santa Casa do futuro: uma entidade sustentável e regionalizada

Projeto realizado por empresa especializada prevê ações pelos próximos 10 anos, mediante esforços e parcerias de todos os segmentos da sociedade

Qual é a Santa Casa do futuro que queremos? Qual é o atendimento necessário e adequado para a população descalvadense para os próximos anos? No que a entidade precisa avançar? Esses, dentre outros, foram alguns dos questionamentos respondidos por estudos realizados pela Inoah Arquitetura Hospitalar, empresa responsável pelo Plano Diretor apresentado à administração da Santa Casa de Descalvado e também às autoridades descalvadenses como vereadores e Secretário Municipal de Saúde.

O Plano Diretor é peça indispensável no planejamento da organização e é fundamental em dois momentos: primeiro para a reorganização físico-funcional de um hospital existente e, segundo, por ocasião do desenvolvimento do projeto arquitetônico de um novo hospital. A apresentação feita pela arquiteta responsável, Ana Paula Dinardi Auadi, contemplou o diagnóstico da atual situação do hospital e os planos para ampliação da estrutura física, de atendimentos, procedimentos e novos equipamentos, prevendo ações e investimentos pelos próximos 10 anos.

Com quase 126 anos de prestação de serviços à população e a exemplo do que ocorre com as santas casas do país, a Santa Casa de Descalvado apesar de seus contínuos avanços, apresenta dificuldades para a oferta de seus serviços e para a garantia da sua sustentabilidade. Dentre as justificativas, deve-se ao fato do hospital manter atendimentos de baixa complexidade, possuir uma estrutura física antiquada e inadequada para a instalação de novos serviços e não contar com retaguarda diagnóstica atualizada.

“Para podermos avançar tanto no atendimento da população quanto na modernização da nossa Santa Casa, é preciso que a entidade tenha uma sustentabilidade financeira e, como conseguir isso? Ofertando novos serviços, melhorando a sua estrutura e buscando não somente aqui em Descalvado mas também na região, qual é a carência que poderíamos suprir. O Plano Diretor, além das adequações dos prédios que hoje se fazem necessárias, também nos apresentou o rol de novos serviços que, mediante as melhorias estruturais, poderemos vir a oferecer. É um projeto audacioso, bastante complexo, que envolve muito esforço e trabalho, não somente da Provedoria, da Mesa Administrativa, mas também das autoridades locais, das empresas e parceiros e também da nossa população, que será a maior beneficiada”, explicou o provedor Sidnei Aparecido Pizza.

METAS

O Plano Diretor da Santa Casa contempla a remodelação estrutural dos prédios que a constituem, a começar pelo Pronto Socorro Municipal, que passaria a contar com um Centro de Diagnósticos por Imagens. Neste caso, os atendimentos teriam uma retaguarda maior de exames que hoje somente são realizados em outras cidades e, por consequência este avanço permitiria diagnósticos de maior complexidade e novas cirurgias. Está previsto o CDI com a disponibilidade de exames como raio-x, tomografia, ultrassom, eletrocardiograma, endoscopia.

Além de reformas e adequações, a Santa Casa passaria a contar com um novo bloco hospitalar de quatro pavimentos e um novo bloco ambulatorial, com a implantação de novos espaços, aquisição de equipamentos e aumento do número de leitos. Atualmente, são 40 leitos e a projeção é ampliar para 68.

“O que toda a administração do hospital está buscando é uma Santa Casa com instalações modernas para atender seus pacientes com qualidade e eficiência. Apesar das inúmeras melhorias que foram feitas a partir de 2016, ainda assim, temos nossas limitações tanto estruturais quanto financeiras. Por isso precisamos passar a ser referência regional em serviços que possuem carência e, mediante estudos inclusive junto ao Departamento Regional de Saúde, essa carência está na oferta de exames de maior complexidade”, ressaltou a administradora hospitalar, Michelle Líbero.

MAS E A UTI?

A implantação de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) também está prevista no Plano Diretor, mas, a sua complexidade, tanto estrutural quanto financeira orienta para que uma entidade do porte de Descalvado inicie pela construção de uma unidade Semi Intensiva, o que ainda assim demanda investimentos de grande monta e que é uma ação a ser executada a médio prazo.

A abertura de leitos de UTI demanda tempo para ser realizada de maneira adequada. Para ser aprovada, é necessário que a Santa Casa primeiro ofereça os exames de retaguarda, por exemplo, por isso, esse seria o primeiro passo. É necessário também não apenas aparelhos complexos, mas especialmente por causa dos recursos humanos. Para cada leito de UTI aberto, é necessário ter à disposição uma equipe formada por médicos, enfermeiros e fisioterapeutas com especialização na área. 

“Temos que considerar que não basta implantarmos a estrutura física de um leito de UTI. É com a sua manutenção que temos que nos ater: aparelhos, equipamentos, instalações específicas, normas a serem cumpridas e, principalmente a equipe multidisciplinar à disposição, 24 horas por dia, além de uma equipe de apoio, por exemplo para realização de hemodiálise no leito. Como a demanda por UTI em nossa cidade é atendida por São Carlos ou mesmo Porto Ferreira, o caminho a se percorrer é gradual, com uma unidade semi-intensiva. Com a regionalização dos nossos serviços e uma auto sustentabilidade financeira, e principalmente com a ajuda de toda a sociedade e aí citamos governantes, autoridades, empresas e a própria população, poderemos caminhar para a conquista deste sonho, que é de todos nós”, ponderou a administradora hospitalar, Michele Líbero.

CUSTOS

O Plano Diretor apresenta uma estimativa de custos com obras, mobiliário e equipamentos. Mas na verdade, os investimentos dependerão do projeto específico de cada fase a ser realizada. De acordo com a gestão da Santa Casa, após a apresentação do Plano Diretor, as próximas etapas serão buscar os meios e recursos para o start do projeto e, todo o seu passo a passo, será discutido com a sociedade.

“O que precisa ficar claro que este é um Plano Diretor que irá nos nortear pelos próximos 10 anos, mas os primeiros passos foram dados. Sozinha a Santa Casa não consegue edificar este planejamento, mas, não temos dúvidas de que com a parceria de todos: prefeito, vereadores, empresários e sociedade civil, conseguiremos conquistar a entidade moderna, eficiente e sustentável, que todos nós desejamos”, finalizou Sidnei Pizza.